Recentemente eu expliquei, pela enésima vez, que brasões de família não existem, e que as armas são passadas a pessoas. Isso acontecia através das Cartas de Brasão, como por exemplo a da Baronesa de Sertório, resultado de uma pesquisa que eu publiquei aqui anteriormente.

Munidos desta informação, algumas pessoas vieram me perguntar como eu fazia para encontrar as armas que se relatavam ao seu sobrenome, para conferir se de fato tinham direito ou não a usá-las. Após responder umas quatro vezes, decidi deixar aqui um tutorial. Há mais livros, mais fontes, muitas delas estão em mau estado ou indisponíveis. Este é apenas um guia básico que vai permitir que você inicie a sua procura.

Um aviso. O Armorial Lusitano é dispensável.

É estranho quando você descobre que algo que você considerava essencial não é tão necessário para a sua pesquisa. Mas é isso mesmo.

Uma coisa que vocês precisam saber é: Praticamente todos os empreendimentos que vendem brasões são baseados em violação de Direito Autoral. O Armorial Lusitano não está em Domínio Público, então qualquer reprodução para fins comerciais é veementemente proibida. O que esses vendedores de imagens de brasões fazem é simplesmente copiar o texto que vem no Armorial Lusitano e desenhar o brasão com clip-arts semiprontos. O Armorial Lusitano também não fornece nenhuma prova ou indicação genealógica (ao menos não a edição que eu tenho acesso).

Em vez de idolatrar uma história falsa, e de perder tempo com o Armorial Lusitano por ora, vamos a fontes mais credíveis e o melhor, disponíveis de forma gratuita. Vamos começar procurando no “Armaria Portuguesa” de Anselmo Brancaamp Freire. Clicando na imagem acima, vocês acessam a Biblioteca do Heráldica Brasil, onde poderão achar um PDF desse livro.

Hora da pesquisa: Preparar e já!

Para exemplificar, vamos com um sobrenome aleatório: Gusmão.

Como vocês podem notar, há o brasão de um ramo de Gusmão na imagem acima. Mas vamos nos atentar o detalhe que eu marquei: C.B. em 1780 (A.H., 1563). Bem no começo do livro, nas abreviaturas, podemos ver que C.B. significa Carta de Brasão e que A.H. Significa Archivo Heraldico, mais especificamente, o Archivo Heraldico-Genealogico do Visconde de Sanches de Baena. Igualmente, está disponível na Biblioteca do Heráldica Brasil, o que vai ajudar e muito na pesquisa.

Sabemos então que este brasão de Gusmão aparece numa Carta de Brasão passada em 1780, e está registrado no Arquivo de Sanches de Baena sob o número 1563. Indo diretamente para este arquivo (também está no link acima), encontramos o seguinte registro.

imagem-post-pesquisa
A partir da imagem acima, já sabemos quem recebeu este brasão, e como usou. No caso, José Joaquim de Queiroz Argolo tinha um brasão esquartelado, um dos quarteis sendo de uma linhagem de Gusmão. A partir daqui, pode-se começar a pesquisa genealógica, seja até o armigerado, seja a partir dele.
E aqui termina a pesquisa heráldica.
A partir de agora, a pesquisa precisa ser genealógica. Não vou mais em frente porque não temos nenhum Gusmão na Família.